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‘De mulher pra mulher: supera’

O título é um verso de uma das músicas da cantora Marilia Mendonça que eu gostaria de ter sido amiga, pois era a 'minha cara' como dizem os modernos


OPINIÃO DA EDITORA

Cantava o amor, a dor, a traição, a bebida, tudo na na primeira pessoa, sem medo de críticas (Foto: Reprodução/Internet)

É uma pena que a gente só se da conta da importância daquela pessoa, depois que morre. Afirmo que nunca tinha parado para ouvir ou ler toda uma letra de música da Marília Mendonça. No palco, eu a vi uma vez, mas, como estava trabalhando, não me detive em apreciá-la, tinha outras entrevistas para fazer durante o show. O tempo passa e eis que a artista falece (vou evitar maiores detalhes) vítima da queda do avião que, por si só já é, na minha cabeça, a pior tragédia do mundo, porque tenho pânico de entrar em uma aeronave grande, imagina para seis pessoas. Um calvário. Chorei muito e confesso que a cada letra de música, o que eu mais queria era ter sido amiga dela, porque era ‘a minha cara’. Cantava as furadas que nós, mulheres nos metemos (tem quem não assume), desejava o sofrimento coletivo do coração partido, e não tinha vergonha de expor as trairagens. Corna assumida, que nem eu, meu povo, por diversas e várias vezes. Gostava de beber, que nem eu, minha gente. Ouvi um assessor dizer na Van, quando ela reclamava que não podia bebida alcoólica, por causa da dieta: “Existe uma Marilia sóbria, uma de ‘cara cheia’ e a de ressaca”! Igual. Voltando para realidade, o consciente coletivo, diante de tantas perdas, nesses dois anos, a sensação é a de que não enterramos uma mulher, é como se tivéssemos enterrado uma multidão. “Estamos perdendo demais e não estamos mais em condições de perder”, disse o padre Fábio de Melo. E a mãe dela, dona Ruth? Chorando só de pensar nela. Quando perdemos pai ou mãe, ficamos órfãos, mas não existe um termo para nomear uma mãe ou um pai que perde um filho. Quanta dor. Como dizia minha avó, no velório do meu pai (ela já tinha perdido uma filha): “É preferível arrancar meu braço, vai doer menos!”. “Oh, pedaço de mim!”. A opinião de hoje é uma colcha de retalhos de frases, pensamentos, que venho costurando desde sexta-feira, quando soube da notícia. E, para encerrar, vou reproduzir mais uma citação do padre Fábio de Melo: “o luto é um remédio amargo que a gente tem que saber que vai levar para o resto da vida”.  “De mulher pra mulher, supera!” Vai em paz, Marília.

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