Olhando o jornal da televisão e me deparo com o assunto de quando e como será cobrada a conta de água dos moradores das cidades submersas, há 24 dias!, do Rio Grande do Sul. Como será que, a pessoa que perdeu tudo nessa calamidade, daqui a dois meses, vai ter ‘cabeça’ para lembrar: “humm, tenho que pagar as contas da minha água e da minha luz”. Como assim, minha gente? Com a lama ainda nos pés, no coração e na mente, impossível o governo federal criar datas e limites para pagamentos. Todos sem emprego, sem casa, sem dignidade e o poder público enfiando prazos, goela abaixo. Faca-me o favor.
Perguntei do meu oráculo Luppi Pinheiro, que veio buscar o seu carregamento de sossega-leão, às 23h do domingo, tomando um vinho de cupuaçu, daqueles cortados na tesoura, sentando na minha nova arrumação da sala (em caso de necessidade e apreensão, baixa em mim a vontade de arrumar tudo e mudar tudo de lugar): “Fim do Mundo?”, a mesma indagação que me fazia, menina-pequena, sentada no meio-fio da calçada. Ele, tomado de surpresa, pois não estava preparado para adivinhar o que estava por vir, deu um gole lentamente no refresco e saiu-se com a seguinte resposta: “Eu acredito que existem outros mundos. Esse nosso vai ter que começar do tempo do homem das cavernas!”. E eu retorno com outra pergunta: “E nós estaremos nele? A gente vai nascer de novo? “.
Penso que poderia acontecer um resert, para ser mais moderna e, acabava as guerras da Ucrânia X Rússia e no Oriente Médio, que estamos convivendo com a maior naturalidade, as turbulências em aviões (affe), o deslizamento de terra em Papua-Nova Guiné, estiagem sem precedentes no Amazonas e, agora, a cada dia o Rio Grande do Sul submergindo em chuva, vento, frio, alagamentos devastadores. E, olha, leitor sempre assíduo, o meu querido amigo não ingere uma gota de álcool e eu estava mega-sóbria. Devaneios são necessários para dar um certo equilíbrio nas nossas vidas e seguir em frente. Cá entre nós!