O encontro diário era no Colégio Santa Dorotéia, anos 1960. Luiza, Paula, Bibi, Isabel, Irna, Teca e eu. Algumas madres diziam que a gente – Equipe Social – era uma turminha ‘fogo na roupa’, outra, como a Vasconcelos, resolveu nos acolher e entender que nossa libido estava no auge, precisando de uma direção educativa. Começamos tudo mundo cedo. A namorar, perder a virgindade, paquerar homens mais velhos, encarar os primeiros professores homens, pular a janela da Maromba, em noites de Retiro, porém, além de tudo isso, éramos aplicadas e estudiosas. Época de prova, nos recolhíamos e estudávamos até de manhã, alcançando notas máximas, algumas até ultrapassavam o ’10 estrelado’, com o nosso preferido Demóstenes Araujo. Nossos trabalhos de classe eram incríveis. Chegamos a criar uma base de foguetes, igual o Cabo Canaveral, com decolagem e tudo o mais. Dedé – assim o chamávamos – foi ao delírio!
Claro que as diferenças financeiras eram grandes, por exemplo, eu, a primeira órfã de pai do grupo, não viajava mais, como antes, porém, todas traziam presentes maravilhosos para dar um aconchego e saber que sempre era lembrada. Foi quando vi, pela primeira vez, mini-chicletes multicoloridos! Fiquei maravilhada. Presente de Luiza. Paula trouxe da Europa, ganhou a viagem aos 15 anos, discos que a gente ouvia até!
Ah, os 15 anos no Pátio central do Colégio! Era uma reivindicação nossa, porque algumas não tinham grana para debutar no Rio Negro Clube. A nossa festa foi linda, toda organizada por Madre Vasconcelos. Dançamos com os namorados – sim, a gente já ‘namorava de porta’- e quem ainda não tinha par, meu irmão Paulo foi o cavalheiro da vez. Momento inesquecível! Nesse tempo, a gente já enrolava a saia branca de Educação Física, para mostrar os joelhos, e descíamos a Getúlio Vargas, pisando nas poças de lama, depois das chuvas amazônicas. Era prazer puro e claro, as nossas famílias ficavam sabendo, antes de chegarmos em casa. Não, não, anda nem existia celular. Cidade onde todos se conheciam e sabiam bem, quem era quem!

Quinta-feira passada recebi uma triste noticia. A Bibi partiu para o Plano Superior. Fiquei em choque. Muitos sentimentos afloraram, um mix de saudade de um tempo que foi, uma lacuna que se fez no meu pensamento. Meu coração foi tristeza sem tamanho. Corri para as caixas de fotos e constatei que não tenho nenhuma desse tempo tão feliz. Porém, achei uma carta que recebi da Irna, quando a Paula Angela se foi, e eu havia escrito essa mesma crônica, hoje atualizada com novas peripécias. Acredito, piamente, que a Bibi ja se encontrou com a PAngela e com a Isabel. Devem estar passeando pelas ruas do céu, sem alagamentos, e dando ótimas gargalhadas ou, quem sabe, paquerando algum anjo, suponho!. Além disso, devem estar velando por nós, que ainda estamos aqui, neste Plano.
RIP Maria Diamantina Fernandes Corrêa, a nossa Bibi.

















