Nasci, literalmente, na avenida 7 de setembro, número 1276, no Colégio São Francisco de Assis, dos meus pais, os educadores Fueth Paulo e Leonor Santiago Mouraão. Fomos criados sem regalias, para não deixar os outros alunos incomodados. Então, desde menina pequena, convivemos com os estudantes que eram do externato ou do internato – misto – algo muito ‘avant’ para a época, mas eles eram assim, modernos.
Entre os internos, haviam os adolescentes e, durante anos, escutei seus nomes, citados pelos professores, com muita admiração: Guilherme Aluízio da Silva, Lustosa, Ubaldino Meireles, Francisca, Raimundinha, estas duas, minha mãe amava e rasgava elogios às suas belezas amazônicas. Essa turma (não sei se estou esquecendo de algum nome, era uma criança atenta, mas criança) foi considerada a nata que iria ocupar lugares de destaque na sociedade. E assim foi!
Meus pais estavam certos. Tempos depois precisei, no Colégio Santa Dorotéia, onde cursei o ginasial, fazer um trabalho sobre a Siderama. Quem me recebeu foi justamente Guilherme, já um rapaz casado com Selma Bonfim, que me repassou todas as informações sobre o aço e outros quetais daquela indústria, com paciência e gentileza, mesmo vendo que eu era apenas uma fedelha. Programou até um passeio no empreendimento para as minhas amigas e eu – éramos sete garotas – e concluímos o trabalho com 10 Estrelado, algo difícil de acontecer, pelas mãos do exigente professor de Química, Demóstenes Araújo. Guilherme Aluízio soube e mandou um cartão para cada uma de nós, simples colegiais.
Tempos depois, soube que o então presidente do Jornal do Commercio, Guilherme Aluisio, reunia aqueles mesmos amigos dos tempos de São Francisco, uma vez por mês, em sua sala, para conversarem sobre suas bravatas, brincadeiras e conquistas. Desses convescotes também participava meu irmão Assis Mourão. Dizem que as gargalhadas eram intermináveis.
Uma bela manhã, recebo um telefonema, da secretária de Guilherme, dizendo que ele queria falar comigo. Atendi ao chamado, imediatamente, e ele foi categórico: “quero você aqui, no nosso Jornal do Commercio.”. Fiquei muito honrada. Ele chamou o diretor de redação, Fred Novaes e disse que “eu teria uma página”. Fred, também uma educação ímpar, deixou-me à vontade para escolher o dia e a página. Foi algo inesquecível e que só foi possível, o meu retorno para o jornal impresso, pela grande capacidade de Guilherme Aluízio, sem alarde e com toda a gentileza, que lhe era peculiar, saber pinçar um profissional da escrita. Sempre foi um gentleman!