Fiquei a matutar, enquanto ouvia e via, na televisão, as notícias dessas síndromes de resfriados, pulmão e gripes (dizem que não são fácies), quando o inverno no sul do País, a criança já está doente. Ou, então, aqui em Manaus, o calor com chuva, deixa qualquer curumim sem vontade de brincar, só tossindo, olhos lacrimejando, coceira no corpo. Foi quando lembrei do exame pré-natal. Era mensal, com o médico que foi da sua bisavó, avó, mãe, filha e, muitas das vezes, neta. A grávida comparecia, ao ginecologista (ainda não era comum a famosa a categoria – obstetra). Além de todos os exames, lá vinha a ladainha: não pode salto-alto, não pode sal, não pode comida com gordura, …cuidado com a eclâmpsia. Por cuidado ou superstição, não podia guardar chave no sutiã (hoje em dia a maioria guarda o celular), tinha que satisfazer os desejos (desejei jaca na primeira gestação, às 11 horas da noite; na segunda, manga verde com sal; na terceira, enjoei todos os aromas do mundo) . E assim caminhava a humanidade.
O pensamento mais foi longe quando li a declaração da Tati Machado, que perdeu o filhinho, no oitavo mês. Chorei, mesmo. Tudo fica fora da ordem natural da vida. Mãe nenhuma está preparada para enterrar um filho. Quando a jornalista fala do vazio de um ‘ser’, ainda não nascido, que já ocupava todos os espaços da casa, estava com o enxoval completo, quarto arrumadinho, play-list pronta (não meu tempo não tinha essa modernidade, era no gogó, mesmo, a cantiga de ninar), fiquei em choque, e não foi somente na comunicadora que pensei, mas em outras mães que conheci e nas que, a todo momento perdem filhos para bala perdida, acidente nas ruas. Volto ao início, e deixo aqui a minha pergunta: ainda existe o pré-natal com médico da família? E-mails para a redação deste portal: mazemanaus@gmail.com
Não podia guardar chave no sutiã (hoje em dia as pessoas guardam celular)

Imagem gerada por IA feita por Letícia de Assis