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CURA AMAZÔNIA: pinturas nos prédios do Centro de Manaus iniciam nesta quarta-feira

Em paralelo, a fachada do Teatro Amazonas recebe a instalação ‘Entidades’, do artista roraimense e ativista indígena Jaider Esbell


Nesta quarta-feira (2), as empenas dos edifícios Rio Madeira e Cidade de Manaus, ambos localizados no bairro Centro, zona sul da capital, se transformam em ‘tela gigantes’ para receber as criações dos artistas visuais Denilson Baniwa e Olinda Silvano. A iniciativa faz parte do Circuito Urbano de Arte (CURA) que, pela primeira vez, chega ao Norte do País e recebe o nome de CURA AMAZÔNIA.

(Foto: Marcio James/Secretaria de Cultura e Economia Criativa)

As pinturas poderão ser acompanhadas a partir do mirante montado pelo CURA, na lateral do Teatro Amazonas, no Largo São Sebastião, que proporciona uma visão privilegiada das duas construções. Responsável pela empena do prédio Cidade Manaus, o artista visual e curador Denilson Baniwa retorna a Manaus para dar ‘vida’ ao seu trabalho.

Nesta quarta-feira, também no Teatro Amazonas, mais precisamente em sua fachada, será montada, pela primeira vez na Região Norte, a instalação ‘Entidades’, do artista roraimense e ativista indígena Jaider Esbell, falecido em 2021. A obra é composta por duas cobras infláveis de 17 metros de comprimento por 1,5 metros de largura, cada uma, e foi criada em 2020 para a 5ª edição do CURA, em Belo Horizonte. Nos anos seguintes, as ‘cobras cósmicas’ foram expostas na Bienal de São Paulo e no Lille3000, na França.

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Oriundo do município de Barcelos (distante 399 quilômetros da capital), Denilson Baniwa conta que recebeu o convite do CURA com muita alegria. “Já havia trabalhado no CURA de Belo Horizonte (MG), mas com uma bandeira. Agora, com a chance de pintar um prédio, é muito legal voltar ao meu estado e fazer uma arte que represente não apenas a minha cultura Baniwa, mas também a cultura amazônida”.

De acordo com o artista, a inspiração para a sua empena – que a princípio será batizada de ‘Piracema’ – se deu a partir da conversa com a curadoria do projeto. “Quando recebi o convite, fomos conversando e informaram que o tema iria girar em torno dos rios, dessa natureza mais fluvial. Então, fiquei pensando em como falar sobre a Amazônia a partir dos rios. E claro, né, vindo de origem indígena, a alimentação básica indígena e amazônica é o peixe, e o grande conjunto de espécie de peixes que vive nos rios e que, por muito tempo, antes da chegada dos europeus, era a base de alimentação do povo amazônico”, detalha ele.

Olinda Silvano (Foto: Ronin Koshi)

Importância

Ainda de acordo com Denilson, o trabalho visa reforçar uma memória desse alimentar indígeno-amazônico, mas também é uma tentativa de fazer com que todos notem o quanto os rios e os seres que habitam neles estão em constante perigo, por conta do avanço de projetos que “acabam por prejudicar o fluxo normal dos rios como o garimpo, por exemplo, e também outros empreendimentos que prejudicam a saúde desses afluentes”.

Entre os materiais utilizados por Denilson, na obra, estão tintas vinílicas, spray e outros utensílios que comumente fazem parte das obras de artes urbanas. “Como é uma pintura em empena, na parede de um prédio, a gente tem poucos recursos para que a obra dure muito tempo em contato com a chuva, sol, vento e toda a sorte de elementos naturais que envolvem uma obra a céu aberto. Por isso utilizamos esses materiais”, adianta.

Memória

Denilson destaca, também, que retornar para casa é sempre importante. “Fazer um trabalho em Manaus é voltar para o meu lugar de origem que é o Amazonas. Voltar para casa é sempre um grande prazer, e fazer da minha obra um espaço de representatividade indígena e provocar o público que visita Manaus é muito importante”, declara ele, ressaltando que, atualmente, está na Bienal de São Paulo, projetando trabalhos que falam da cultura indígena e da segurança alimentar indígena. “Espero que esse trabalho toque todo mundo e faça parte da nossa memória visual de Manaus”.

O CURA AMAZÔNIA é uma realização da Agência Urbana de Arte (AGUA), com patrocínio da 3M, apoio da Tintas Coral, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC), Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Centro Cultural Casarão de Ideias (CCCI) e Centro de Atenção à Saúde e Segurança no Trabalho (CASST), além da produção local do coletivo Graffiti Queens e incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

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