Algo começa a me incomodar. Tenho perdido pessoas – elas ganham o Reino do Céu – com mais frequência. Nem bem me recupero de uma ausência eterna e já vai outra na sequência. Tenho saudade. Acordo no meio da noite com o pensamento nelas, ou alguma frase, às vezes um conselho quando ainda criança, uma oração que não esqueço jamais e, até algo engraçado que eu fiz, vem a risada incontida e feliz.
Elas ganham o Reino do Céu (Foto: Mazé Mourão)
Existem coisas, com essas perdas, que ficaram sem graça, alguns lugares tornam-se chatos, determinadas comidas ficam sem sabor. Para quem contar um segredo? E aquela história que somente, sim, somente essa pessoa que se foi, entenderia. E a conquista de mais um livro publicado, um novo trabalho, uma roupa que fez sucesso. A quem interessar possa, se não for a pessoa que nunca mais, nessa vida, vou ter a felicidade de ver.
Então penso nos célebres conselhos: aproveite quem está por perto, abrace, beije, diga que ama, telefone em vez de whats, tome um café no meio da tarde, vá ao cinema. Porque, não sei você, leitor ou leitora de quarta, eu estou perdendo pessoas…
