Capa de um dos livros de Charufe Nasser. FOTO: Acervo PortalMZM
Nunca passou desapercebida. Voz forte, firme, decidida e sem meias palavras. Charufe Nasser se tornou a detentora de vários títulos: a melhor chef de bicho de casco; a que sabia cozinhar como poucos descendentes comidas árabes e, para não dizer que não falei dos seus aniversários, a regionalidade, que ia do tacacá ao bolo de macaxeira. E, nessas mesmas celebrações criou o chamado “envelopinho” no lugar o presente que era colocado em uma urna, de soslaio, inteligente que era, sabia quem tinha ofertado cada envelope e o valor que continha no mesmo. Os convidados davam risinhos irônicos, mas, pasmem, virou moda, hoje em dia, em quase todas as festas sociais.
‘Cha-Cha’, como era conhecida pelos amigos, namorou os melhores partidos do Condado de Manaus e Adjacências, onde incluía-se, também, políticos que não tinham coragem de desmentir Charufe. Para alguns era até um passe para a fama. Cantava lindamente e, assim, encantou Roberto Carlos, Julio Iglesias e outros qtais que passaram pelo crivo da nossa sultana amazonense. Sem papas na língua mandava baixar a música na festa que estivesse, e reclamava, para quem quisesse ouvir, dizendo, a ser ver, que o banquete estava sem sal, sem gosto, sem a apresentação. O jeito de ser Charufe, doa a quem doer.
Charufe Nasser
Ela nasceu em berço de ouro, literalmente, em uma época que o seu pai, do qual ela nutria uma verdadeira paixão, enquanto vivo, não media esforços para agradar a bela filha de olhos expressivos. O seu irmão, depois da morte do patriarca, passou a ‘tomar de conta’ das irmãs, e todas obedeciam piamente. Charufe, às vezes. Fazia questão de contar, entre gargalhadas, seus feitos e que, no final, viravam lenda. Aliás, ela era mestre em lendas. As que contou nos seus livros são incríveis, e todas são acompanhadas de deliciosas receitas. A sua entrevista com o Jô Soares é inesquecível e merece aqui, a menção honrosa.
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E hoje, sexta-feira, a ‘reina’ se foi, sem se despedir do filho amado, da nora devotada, dos netos e nem das irmãs. Porém, deve estar muito feliz, porque já se encontrou com os seus e, principalmente, com Lincoln, homem que amou, verdadeiramente, a Sultana.
R.I.P. Charufe!
