Ninguém imaginava o surto coletivo que se tornaria o Barbiecore e como o simples
lançamento de um filme poderia movimentar uma sociedade inteira. Talvez essa falta de
crédito foi o que fez a Warner Bros. Pictures adesivar um único vagão na Linha 4-Amarela
do metrô de São Paulo, ao invés do trem inteiro, como outras marcas costumam fazer. Mas,
nas últimas semanas e meses, andar pelas ruas e não ver uma pessoa sequer com look “all pink” foi tarefa quase que impossível.
sensação que é viver em um momento como esses. O filme que conta uma história
moderna já é o de maior pré-venda do ano no Brasil e o maior da história da Warner no
País, superando títulos como Batman e Animais Fantásticos, segundo a própria produtora.
Arrisco dizer que esse sucesso se deu por conta do fator surpresa. Ninguém esperava uma
crítica social tão pertinente vindo da boneca mais famosa e mais influente do mundo.
Apesar de imergir o público no mundo da Barbie, o mundo cor-de-rosa, os looks icônicos e
a leveza nos trocadilhos inteligentes não tiram a importância do assunto tratado no filme e a
“culpa” que a Mattel carregou por todos esses anos ao vender “a ideia da mulher perfeita”.
Nesse caminho, a moda, como retrato social, foi o primeiro a acreditar no potencial do
lançamento. O desfile da Valentino de Outono/ Inverno da Semana de Moda de Paris de
22/23 foi considerado o marco desta tendência e o Pink PP, tom criado em parceria com a
Pantone, foi tido com “o mais querido da estação” pela Vogue internacional.
O Business Insider foi além dessa constatação e, em uma matéria interessantíssima sobre
o assunto, justificou como o Barbiecore saiu da tendência mainstream e do ‘tom mais
querido da estação’ para se tornar uma carta aberta da Geração Z e dos Millenials sobre o
feminismo e a diversidade.
Agora, sim, temos um surto coletivo justificado por assuntos completamente pertinentes e
que fazem sentido para a nossa sociedade, o que valida ainda a relevância do filme não só
para trazer à pauta esses temas, mas para marcar o tempo e o espaço, e afirmar: a partir
de agora, está tudo bem qualquer pessoa usar um look cor-de-rosa, afinal, qualquer um
pode ser uma Barbie – ou um Ken.