
Donatella Versace (Foto: Reprodução)
Recentemente, o mundo foi impactado com o anúncio da saída de Donatella Versace da frente criativa da marca italiana de moda de luxo que leva seu sobrenome. A nova proprietária da Versace, a Capri Holdings, já havia comunicado que esta transição ocorreria no próximo 1º de abril, mas o movimento repercutiu negativamente no mundo fashion devido aos sucessivos anúncios de trocas nas direções de grandes maisons.
Donatella, que ficou conhecida por criações e símbolos icônicos – como os alfinetes nas roupas –, dará lugar a Dario Vitale, ex-diretor de design e imagem da Miu Miu.
Antes da marca conhecida pelos mosaicos bizantinos, em fevereiro deste ano, Demna [Gvasalia] foi nomeado diretor criativo da Gucci após a saída de Sabato de Sarno, que estava no posto desde 2023. Enquanto Demna foi visto como inovador durante seu trabalho na Balenciaga, Sarno sempre demonstrou respeito pelas tradições das casas por onde passou. Apesar disso, a Gucci enfrentava problemas de faturamento – em 2024, a queda foi de 23% nas vendas segundo o report da Kering, que tem a marca como principal no seu portfólio.

Criações icônicas de Matthieu Blazy para Bottega Veneta (Foto: Getty Images)
Matthieu Blazy é mais um nome que está de mudança no mercado de luxo, e já foi anunciado como o novo diretor criativo da Chanel. Ele deve estrear sua primeira coleção apenas em outubro de 2025, durante a Semana de Moda de Paris, mas seu trabalho já é conhecido na Bottega Veneta, com o twist contemporâneo e atemporal traduzido em peças como a bolsa Andiamo.
Todos estes fatos poderiam ser facilmente correlacionados se usássemos o parâmetro de vendas, como o caso da Gucci e que denota o movimento natural de um mercado movido por faturamentos bilionários. Apesar disso, a essência das marcas de luxo ultrapassa essa visão limitada e ainda demonstra uma busca por oferecer produtos cada vez mais exclusivos aos seus clientes fiéis.

Irmãs Babani em look todo Hermès (Foto: Jeremy Moeller/Getty Images)
Diferente de marcas populares, onde a qualidade e até o modelo pouco importam quando se tem preços competitivos, o mercado de luxo preza por exclusividade extrema, e isso inclui assets poderosos como é o caso da matéria prima intelectual. Ao contratar novos diretores criativos, há um novo reposicionamento de marca e de mercado que vai além de valores “acessíveis” – na verdade, quanto mais difíceis de serem adquiridos, mais valiosos os itens são para quem o detém. Isso é a principal característica que marca a nova era no consumo de bens de luxo.
É assim que Gucci e Chanel conseguirão subir o nível para brigar com Hermès e Dior, por exemplo, a fim de disputar os clientes fanáticos pela ultraexclusividade. As vendas e os altos faturamentos virão à medida que esse desejo for alimentado. E nesse entremeado, estaremos nós, levados mais uma vez com o sonho de possuir um item com certificado de autenticidade. Não estamos prontos para sermos iludidos, e precisamos aprender a lidar com isso.