Em busca do 33º título do Festival Folclórico de Parintins, o Boi-Bumbá Garantido leva para a arena do Bumbódromo, a partir desta sexta-feira (30), um canto por todas as vidas e parte da sua história, dividido em três grandes atos. A associação apresentou o projeto de arena em coletiva de imprensa, na quinta-feira (29). Para dar força ao espetáculo, o bumbá traz para a 56ª edição do festival uma das maiores lideranças indígenas da atualidade, cacique Raoni Meturike, do povo Kaiapó.
Para defender o tema “Garantido por toda a vida”, a associação folclórica leva para a arena um espetáculo em três atos. Segundo o presidente interino do bumbá, Adson Silveira, a superação é a palavra chave para a torcida e trabalhadores.
“O Garantido não vai fazer diferente, o Garantido vai mostrar que ele voltou a ser o Garantido, um boi grande, majestoso, organizado, que preparou todos os 21 itens para ganhar o festival”, afirmou.
O Garantido abre a primeira noite do Festival de Parintins, com o espetáculo “A vida depende da vida”, falando sobre a urgência dos cuidados com a natureza e com as vidas humanas, celebrando lideranças contemporâneas na defesa do meio ambiente, dos povos indígenas e dos direitos humanos.
Para a segunda noite, a narrativa do Garantido leva para a arena o subtema “Eu sou porque nós somos!”. Segundo Adan René, integrante da comissão de arte, a apresentação conta a história de como a identidade amazônida tem sido construída.
“A gente faz um reconhecimento de uma memória social. Nós temos todos esses povos trazidos para a região, seja em diáspora ou mesmo os povos originários daqui. O Garantido defende que ele é o boi que luta por todas as vidas. As vidas indígenas, negras, dos povos tradicionais. É uma noite de memória social”, afirma René.
A terceira e última noite fará uma viagem pela história de luta e glória do boi da Baixa do São José, recordando sua trajetória e revivendo emoções já apresentadas na arena do Bumbódromo. O subtema “Amor por toda a vida” promete recontar a história com novas personagens, como é o caso da lenda amazônica do Mapinguari, que em 1997 impressionou com realismo e grandeza.
Expectativa
O ritual indígena “Nominação Kaiapó” promete ser uma atração à parte, onde o pajé do Garantido, Adriano Paquetá, representará o cacique Raoni Meturike, celebrado por ser um defensor de todas as vidas.
Ao lado do ídolo, Paquetá, que defende o item 12, falou da expectativa em dividir um dos seus rituais com uma liderança que inspira sua geração. “Eu tinha o sonho de conhecer o cacique Raoni, de poder estar na presença dele. No ano passado, eu estive no território indígena do Xingu, fui na aldeia Yawalapiti, próximo ali, então ter esse contato com os povos do Xingu foi muito importante. E eu tenho um convite esse ano para ir na aldeia do Raoni”, disse.
Antes mesmo de entrar na arena, Paquetá já sabe da responsabilidade e da importância do momento para a história do festival. “Essa homenagem a ele é muito significante. E estar presente ao lado dele é uma responsabilidade muito maior, que vai além de ser item, né? É de estar ao lado de um grande líder”, ressalta.