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Doutor Sorriso

Cárie, transmissão e cuidados

Muito ainda se discute sobre a transmissibilidade da doença cárie (sim, uma doença), e entendamos aqui inicialmente que transmissíveis são os hábitos e as bactérias, mas não a cárie


A cárie é uma doença multifatorial, dependente do açúcar, modificada pelo tempo de formação de biofilme (a famosa placa bacteriana) e pela utilização de flúor, que estão presentes nos cremes dentais e ajudariam no controle da doença caso a escovação fosse realizada, efetivamente, no mínimo duas vezes ao dia e se o açúcar não fosse consumido mais que seis vezes ao dia (um sonho né?).

O caráter “infeccioso” da doença também é questionável. Por definição, o termo infecção refere-se à invasão de microrganismos num dado tecido, causando-lhe injúrias, mas a presença dessas bactérias na nossa boca (que no caso de algumas espécies, formam a placa) é dita como normal, faz parte da nossa constituição e nos ajudam consideravelmente com uma ação imunológica. Porém, temos um problema quando elas entram em contato com o açúcar. Toda vez que expostas aos açúcares, as bactérias os transformam em ácidos e esses dissolvem os minerais dos dentes.

(Foto: Dental Tribune)

Dessa forma, o vilão responsável pelo aparecimento da doença cárie não são as bactérias, mas sim o açúcar ingerido diariamente. Um beijo, um sopro em uma colher e outros hábitos ditos como transmissíveis, na verdade favorecem a transmissão bacteriana, mas por tratar-se de uma doença dependente da presença de açúcar, a transmissibilidade da doença não precisa nem ser discutida!

Como disse o Professor Jaime Cury em entrevista, “o que é realmente transmissível nessa história toda e que faz mal a saúde são os maus hábitos da família com relação ao consumo de açúcar. Em outras palavras, a herança da cárie está no ‘livro de receitas’ e nos costumes que são passados de gerações em gerações”.

O mais grave desse equívoco conceitual é a desumanidade provocada por recomendações restringindo o afeto mãe-filhos, como se fossem os 3 pecados capitais: não beijar os filhos; não soprar suas comidas e não provar a comidinha dos filhos” (é claro que aqui estamos falando da doença cárie, mas outras doenças realmente infecciosas podem ser transmitidas, fiquem atentos).

Então meus queridos, se for carnaval, beijem, se estiver quente, soprem, se querem saber se está gostoso, provem, mas em contrapartida controlem o açúcar, o biofilme e visitem sempre seu dentista. Afinal, não é porque não é infecciosa e nem transmissível que ela não deva ser evitada. Não é mesmo?!

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