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‘O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei’


Quando Negra Li usa seu talento vocal para entoar o trecho da música ‘O Homem Que Não Tinha Nada’ e que dá título a este escrito, me pego pensando em quanta falhas já cometi ao longo dos meus quase 37 anos. E veja, não foram poucas.

Falhei por volta dos meus 10 anos, quando não ouvindo conselho de minha mãe fui roubado. Havia acabado de ganhar aquele walkman amarelo – o must entre os pequenos – e fui roubado dentro da escola. Falhei ao chegar em casa e não contar a verdade de imediato.

(Ilustração: Bpinto)

Lembro de ter falhado aos 14/15 anos, quando comecei a fumar e a ‘gazetar’ o cursinho de inglês e pré-vestibular. Falhei também aos 16 anos, quando namorei uma garota, mas na verdade, eu apenas a usava para esconder de fato a minha orientação sexual.

Falhei quando vi diversos colegas de escola praticarem bullying contra outros e não fiz nada.Falhei também ao não responder ao bullyingpraticado contra mim. Falhei, inúmeras vezes, ao responder meus pais com grosseria, mesmo sabendo que o amor deles por mim foi e sempre será incondicional, e tudo era uma questão de preocupação.

Falhei ao confiar demais em tantos colegas de trabalho que por mim passaram, mesmo sabendo que, muitos deles, não eram confiáveis. Acho que essa falha, em específico, ainda permanece nos dias atuais. Inclusive, preciso consertar isso.

Falhei quando fui sincero demais com aqueles que me amam. E não é uma questão de não me sentir confortável em falar tudo o que penso, mas hoje entendo que até a sinceridade tem limite. Principalmente se ela pode magoar profundamente o outro. Falhei ao não usar as palavras de forma correta. Que ironia a minha!

Falhei quando julguei um grande amigo que havia decidido reatar com seu ex-namorado. Hoje eles são casados e felizes. E eu? Sinto falta do meu amigo. Falhei quando julguei a decisão de um outro amigo ‘abandonar’ Manaus apenas com a roupa do corpo pra se aventurar em outro estado. Hoje ele está maravilhosamente bem. Isso me deixa feliz!

Falhei ao não agradecer aos ações benevolentes das pessoas para comigo, e também quando respondi ‘atravessado’ ao comentário de alguém, sem ao menos pensar no momento pelo qual aquela pessoa estava passando. Acredito que me faltou empatia. Aliás, preciso trabalhar muito mais a minha empatia.

Ainda vou cometer muitas falhas, afinal, sou um ser humano. Porém, sempre que possível, tento evitar cometer as mesmas falhas do passado, mesmo algumas delas sendo uma tarefa difícil. Mas ninguém deve passar por essa vida sem aprender algo. E a gente só aprende falhando. Eu tento, diariamente, aprender com as minhas falhas. E espero que você também possa aprender com as suas, com o mínimo de sofrimento e o máximo de perdão e acolhimento para consigo.

*Bruno Mazieri tem 36 anos é jornalista e atua como assessor de imprensa

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