Quem é nortista sabe: há momentos que só um “num paga de doida” é capaz de expressar. É esse o dito que nomeia o novo trabalho da cantora Márcia Novo, uma mistura de forró, brega, piseiro e fuleragem, em parceria da gigante do “carimbó-pop” paraense, Lia Sophia.
Em “Num paga de doida”, Márcia e Lia disputam o coração de uma outra mulher, que se faz de doida como ninguém e acaba ficando no zero a zero. Gravado em um parque de diversões, o videoclipe dramatiza tudo com muita leveza e bom humor.
Se por um lado “Num paga de doida” narra a história de um match frustrado, na vida real Márcia e Lia compõem um feat musical cheio de afinidades. Mulheres nortistas e lésbicas, ambas têm ocupado espaços de referência na música dos seus respectivos estados.
No Amazonas, Márcia tem se firmado na fusão do brega, boi-bumbá, beiradão e piseiro, com canções de letras familiares ao ouvido de qualquer “cabôco” da terra. Radicada no Pará, Lia Sophia consolidou-se como a nova geração do carimbó, com influência do pop, cumbia, zouk, brega e guitarrada.
Ainda que abordado em tom jocoso, as entrelinhas da canção entregam algo que, para Márcia, nem sempre foi natural de expor: sua sexualidade. Nos bastidores, foi Lia a responsável pelo empurrãozinho na amiga para “fora do armário”. “A Lia falava muito que nada pode impedir o amor. Que se duas pessoas se amam e querem estar juntas, que elas estejam. Eu incorporei um pouco disso e isso me encorajou a ser como eu sou”, contou Márcia, que vive uma união estável com Thaianty dos Santos.
Nesse contexto, “Num paga de doida” também reafirma o que hoje é motivo de orgulho. “Eu demorei para me reconhecer lésbica, o que aconteceu há cerca de três anos. Muitas mulheres ainda se escondem, e eu já fui uma delas. Cantar sobre isso, em especial, ao lado da Lia, é também um brado de visibilidade e autoaceitação”, completou.