A Semana de Moda de Milão é uma das quatro mais importantes para o setor, e encerra o circuito de apresentação de tendências e coleções das maiores marcas italianas mundialmente conhecidas. Com a pandemia por Coronavírus e a necessidade de continuar o circuito, mas de uma outra forma que fosse mais adequada para os novos padrões sociais, muitas marcas tiveram que adaptar-se aos meios digitais.
A grande questão é que essa transformação urgente pode ter causado danos irreversíveis para a Moda e os buyers. E eu selecionei, aqui, as cinco principais mudanças que devem ser aprimoradas pelas marcas ao longo dos próximos anos.
Desfile Dolce & Gabana – Semana de Moda de Mila?o 2019 (Foto: Alessandro Garofalo/Reuters)
1 – Alcance infinitamente maior
Com desfiles sendo transmitidos via YouTube e todo o investimento sendo direcionado as redes sociais, fica fácil perceber como todo o seleto mercado da Moda agora está mais acessível e pode ser consumido de diversas formas. Se antes as marcas tinham uma quantidade certa de convidados e uma seleta lista onde pessoas do mundo inteiro concorriam, hoje, imprensa e consumidor final estão lado a lado, do outro lado de uma tela.
2 – Demonstração de todo processo criativo
O maior alcance faz surgir um novo perfil de consumidor que está procurando entender como tudo o que está sendo mostrado é concebido, de onde vem, o que quer passar. É aí que parte desse investimento em internet acaba tendo uma parte destinada à explicação de todo o conceito por trás de cada peça, quem as idealiza e como tudo isso faz uma marca.
Croquis da Colec?a?o Flash 2021 (Foto: Versace/Divulgac?a?o)
Versace, Colec?a?o Flash 2021 (Foto: Versace/Divulgac?a?o)
3 – Menos cobertura da mídia
Como não há mais nenhuma novidade para o público, uma vez que ele já viu o que foi lançado e até participou do desfile, boa parte da mídia espontânea que antes era gerada com esse intuito agora já não faz mais sentido existir. Com isso, a Moda, como um todo, perdeu espaço nos jornais e portais que não são especializados e resumiu-se a notas e pequenos comentários avaliativos.
4 – Marcas estimulam a conversa com o público
Esse momento foi crucial para que as marcas começassem (ou continuassem) a conversar com todo o público interessado nelas, afinal, todo esse investimento em conteúdo sobre processo criativo e conceito tem um único objetivo: vender. Assim, surgiram diversos canais de interação que aproximaram as tradicionais e intocáveis maisons em joviais e atualizados perfis no ‘insta’, por exemplo.
Loewe enviou kits para contar sobre a nova colec?a?o (Foto: Loewe/Divulgac?a?o)
Coleção Loewe SS 21 (Foto: Loewe/Divulgac?a?o)
5 – Criatividade aguçada
Não teríamos chegado até aqui se tudo o que já citei fosse feito do jeito tradicional, como sempre foi, ou se todas tivessem executado a mesma ideia. Para sobreviver a este momento, colocar todas as melhores ideias no páreo foi o que, neste ano, aguçou a competitivade entre as marcas e fidelizou o público.
No fim, eu preciso parabenizar todas as marcas que mostraram força ao seguirem cumprirem seus calendários anuais. Mais do que vender e manter a competitividade, aproximar-se do público é um caminho que só tem vantagens, e não tem volta. Isso demonstra respeito pelo consumidor e reforça a vertente séria e comprometida do negócio.
