O câncer que acomete a região na transição entre estômago e esôfago— chamada de cárdia— é mais comum de ocorrer em pessoas entre 65 e 74 anos. No entanto, a doença vem surgindo com maior frequência entre a população jovem por conta de fatores de risco como refluxo e obesidade— problemas cada vez mais comuns entre os adultos brasileiros. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, morreu neste domingo (16), em decorrência do avanço da doença, diagnosticada em 2019. A cárdia é uma espécie de válvula entre estômago e esôfago e, no diagnóstico do prefeito, foram encontrados focos também no fígado e nos linfonodos. Segundo o cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), a sobrevida média de pacientes com esse diagnóstico é de 8 a 18 meses. “É possível pensar em cura para este tipo de câncer quando o diagnóstico é feito em fase inicial”, explica. “Mas, quando ele já está em fase metastática, não se pode falar em cura e sim em sobrevida.”
Covas descobriu recentemente focos de metástase nos ossos e fígado, o que acontece com uma parcela considerável de pacientes oncológicos. A volta da doença, chamada de recidiva, é mais comum nos cinco anos após o início do tratamento, principalmente nos casos de prognóstico mais desfavorável. Oliveira explica que a piora acelerada do quadro do prefeito coincide com o espalhamento da doença para regiões importantes do corpo. “Quando a doença chega aos ossos, ela já está na corrente, causando um comprometimento sistêmico. Essa evolução é muito rápida porque as células tumorais começam a se disseminar de forma descontrolada rapidamente”, explica.