Springsteen: Deliver Me From Nowhere, que estreia ainda neste mês de outubro, mergulha no turbulento processo criativo de um dos álbuns mais importantes da história do rock: Nebraska, de 1982. Dirigido por Scott Cooper, o filme se afasta da cinebiografia tradicional para focar em um momento de profunda crise pessoal e artística na vida de Bruce Springsteen.
Arte: reprodução/ Disney+
Com uma performance visceral de Jeremy Allen White (“The Bear”), a obra revela um homem à beira de um colapso, lutando contra a depressão e os fantasmas de uma infância traumática, que canalizou sua dor para criar uma obra-prima acústica e desoladora, desafiando todas as expectativas da indústria musical.
O filme explora como, no auge do sucesso com o álbum The River, Springsteen se viu paralisado por uma depressão severa, enraizada em sua relação conturbada com o pai, Douglas Springsteen (interpretado por Stephen Graham). A narrativa, que conta com a colaboração do próprio músico, mostra que as canções sombrias de Nebraska — gravadas de forma rudimentar em um gravador de quatro pistas em seu quarto — não eram apenas ficção, mas um reflexo direto de seu estado mental e uma forma de confrontar seus demônios. A decisão de lançar essas demos cruas, em vez de uma produção polida com a E Street Band, foi um ato de rebelião artística que seu empresário, Jon Landau (Jeremy Strong), defendeu bravamente contra a pressão da gravadora.
O ponto central para o filme é a transformação de Jeremy Allen White, que, sem experiência prévia com canto ou guitarra, mergulhou em meses de preparação intensiva para encarnar o “Chefe”. O próprio Springsteen, após ver o trabalho do ator, endossou a escolha e mais tarde elogiou a performance como um “retrato profundamente intuitivo e psicológico” que captura a essência do personagem “de dentro para fora”. A dedicação de White espelha a própria jornada de Springsteen, que se despojou de sua persona de rockstar para encontrar uma verdade mais crua e honesta em sua música.
Baseado no livro de Warren Zanes, Deliver Me From Nowhere transcende o gênero musical para se tornar um estudo universal sobre como a arte pode emergir da dor. Ao focar em um momento de vulnerabilidade extrema, o filme não só conta a história por trás de um álbum icônico, mas também abre uma conversa importante sobre saúde mental, solidificando o legado de Springsteen como um cronista profundo e corajoso da experiência humana.
