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Esperança frágil

Pesquisa feita pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) informa que, o afrouxamento das medidas, pode levar Manaus a um novo pico, em junho deste ano


De ontem para hoje, 584 casos de infectados. Domingo (18/5) foi um dia de calmaria nos hospitais e SPAs da cidade de Manaus. Bom sinal. Mas, segundo informa o estudo “Curva Epidemiológica da Covid-19 em Manaus” que, se houver afrouxamento das medidas de manutenção do distanciamento social, pode levar a cidade a um novo pico da doença em junho deste ano. Portanto, é uma esperança frágil.  “A queda de óbitos recente, na primeira metade de maio, se deve, em parte, ao distanciamento social, fechamento do comércio, escolas, igreja e tudo que causa aglomerações”, afirmou Alexander Steinmetz, do departamento de Matemática da Ufam e responsável pela pesquisa. “A orientação para o uso de máscaras foi eficaz, segundo o nosso estudo, e também a melhora na capacidade de atendimento dos médicos nos hospitais, o aumento de leitos, melhor fluxo organizacional”, avisa o pesquisador.

As medidas de distanciamento social adotadas, como a restrição ao funcionamento de comércios e serviços não essenciais, podem ter salvado, ao menos, 2.500 pessoas em Manaus, durante o pico da transmissão do novo coronavírus na capital. Os dados foram retirados da pesquisa, e que apontam tanto as medidas de isolamento quanto o uso de máscaras e a melhoria no sistema de saúde como responsáveis pelo não aumento no número de mortes na capital. O estudo foi solicitado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), e teve colaboração de professores das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de São João del-Rei (UFSJ-MG). A pesquisa utilizou duas metodologias. Uma delas, levou em consideração o número de casos confirmados pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) e, a outra, analisou números de óbitos e sepultamentos realizados em cemitérios públicos de Manaus. Ambas obtiveram resultados parecidos, e as conclusões foram apresentadas ao Governo do Estado, por meio do Comitê de Crise.

O pesquisadorAlexander Steinmetz e Márcia Perales, diretora presidente da Fapeam, durante apresentação a pesquisa aos jornalistas e formadores de opinião

Outro dado importante apresentado pelo pesquisador é de que, ao menos, 2.500 pessoas deixaram de morrer da doença por conta das medidas de distanciamento social, aliadas ao maior uso de máscaras e às melhorias no sistema de saúde do Estado. Atualmente, a taxa de isolamento social em Manaus é de apenas 40%. Ainda que relativamente pequena, o pesquisador assinala que o cenário poderia ser muito pior se não tivessem sido adotadas medidas de restrição. “A gente viu 1.500 óbitos a mais em abril do que o normal. Se a gente não tivesse tomado as medidas, poderia ter visto facilmente ainda mais 2.500 óbitos em abril”.

Cenários futuros

Em uma simulação feita pela pesquisa, caso se mantenha a taxa de isolamento de 40%, Manaus deve ter uma estimativa de 60.000 infectados até o dia 31 de maio deste ano, com tendência de diminuição lenta de infecções. A taxa ideal, para uma rápida diminuição, no número de casos, é de 60%. Por outro lado, segundo os pesquisadores, o afrouxamento das medidas pode levar a um segundo pico da doença, com ainda mais internações e mortes. “Existe um número alto de infectados neste momento, em torno de 85 mil indivíduos. São muitas pessoas portadoras da doença em Manaus nesse momento, e tem baixo número de indivíduos recuperados, então, estamos longe de alguma esperança de imunidade de rebanho”, afirmou Alexander Steinmetz. “Temos uma possibilidade real de novo pico de infectados e óbitos em junho se afrouxar qualquer coisa nesse momento”.

Pesquisas no Estado

O estudo, encomendado pela Fapeam, tomou por base seus pesquisadores, seus currículos, áreas de atuação e trabalhou com pesquisadores doutores que já possuíam experiência na área de modelagem estatística. A Fundação, responsável pelo amparo à pesquisa no Estado e pelo fomento de pesquisas básicas, aplicadas e tecnológicas, está mantendo a organização dos trabalhos seguindo as normas do distanciamento social e continua promovendo o auxílio aos bolsistas. A diretora-presidente, Márcia Perales, assinala que as ações de pesquisa em torno da Covid-19 seguem desenvolvidas no Estado com o suporte da Fundação.

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