Sábado. 26 de setembro. Nesse dia, de manha, eu fui reprovada em tudo. Na tomografia, no teste de esforço, na saturação, na tristeza porque era o aniversário do meu filho Marcelo, que reside na Alemanha, na angústia, na tensão e na falta de vontade de lutar contra o tal corona vírus. A doença estava vencendo a batalha. Fechei os olhos, respirei fundo e, do nada, quando abri os olhos, tinha um padre no quarto. Ele encostou na minha cama e, antes que eu começasse a pensar “vixe, estou passando dessa para uma melhor”, me perguntou: “você é católica?” Respondi com um fio de voz: “Sou” e mostrei meu terço. Perguntou: “qual foi a última vez que se confessou?” Não ia mentir, respondi: “julho de 1970.” Veio a pergunta mais constrangedora: “Quer confessar?”. E eu: “Não sei como faz, padre. Não sei mais nem o que é pecado.”. Ele replicou: “vou falando e você responde, do fundo da sua alma, se sim ou se não. A senhora vai saber se cometeu ou não, o pecado”. E começou. Já desejou matar alguém? Sim. Já cometeu aborto? Sim. Permitiu falarem mal de uma pessoa e não defendeu? Sim. Já desejou alguém comprometido? Sim. Tem preguiça de ir à missa? Sim. Foi infiel? Sim. Prometeu algo que sabia que não ia cumprir? Sim. Você se arrepende, para sempre, de tudo que fez e não deveria ter feito? Sim. Quer pedir perdão de pessoas? Sim, quero. Você gostaria que as pessoas também lhe pedissem perdão por terem lhe magoado? Pelas fraquezas delas a seu respeito? Aí, a nega já tinha aberto o baú, mesmo, foi fundo: Eu peço perdão e me arrependo de todos os meus pecados. Isso que importa. Eu acredito que Deus me ama!”. E o padre: “Tenha essa intimidade com Deus. Coloque em prática a fidelidade para com o Todo Poderoso. É Ele quem vai, a partir de agora, orientar o seu caminho. Ele perdoa, porque lhe ama!”. Me abençoou, mas, antes que saísse, perguntei: “Tenho penitencias a pagar por quantas gerações?” O padre deu um sorriso e respondeu: “Deus não castiga, você está limpa, arrependida, Ele sabe disso, Ele sabe de tudo.”. A partir daí, depois da confissão, juro, a minha melhora foi visível. Fiquei feliz, retomei o poder do meu corpo porque da minha alma, Deus já estava ‘tomando de conta’. Três dias depois tive a graça de obter alta do hospital. A salvação, na vida ou na morte, é para todos. Basta ter fé.
P.S. – não sei se o padre surgiu para me dar a extrema-unção ou se é uma prática da Igreja, o pároco visitar os doentes, mas uma coisa eu garanto: não foi delírio e nem visão. A presença dele foi real, oficial. Graças a Deus.