Todo mundo conhecia um rapaz, com um apelido forte, que vendia o melhor uísque contrabandeado do Paraguai, para amazonenses de respeito. Ele tinha todas as marcas, até o Buchanans de Luxe, com rótulo verde, devidamente embalado em um pueril saco de veludo azul. E vendia também perfumes, como o ‘Bond Street’, fragrância oriental, lançado na década de 1950. Era must de uma época que nem existia a Zona Franca de Manaus. Depois, eu já residindo em solo carioca, era praia, sol e uísque devidamente batizado, com nota fiscal e tudo. No lugar do líquido escocês, entrava o famoso Old Eight, Theacher ou Druris em garrafas de Chivas Regal, Ballantine’s, Black&White. Tudo muito veladamente, mas ninguém morria envenenado.
Tempos modernos. Dias péssimos. Triste realidade. As bebidas são batizadas para matar ‘dos vera’. Não trocam mais vodka por cachaça, Gim ou uísque importados pelos rótulos nacionais, agora é metanol direto na corrente sanguínea, sem pit-stop. Primeiro destrói o ser-humano por dias no leito do hospital, para depois chegar a óbito. Sem apelação.
Fui outro dia a uma festa onde era latente e visível, de fazer chorar, a diferença. Na barraca dos drinques, quando há duas semanas fazia fila para comprar um Gim Tônica ou Tropical, ou até mesmo uma caipirosca de vodka… ninguém! Parecia até que os atendentes estavam vendendo doença.
A quem essas fábricas clandestinas querem atingir? O por quê? O que essas pessoas ganham com isso? Uma grande incógnita como muitas outras que atualmente assolam este Brasil. Ai de nós, brasileiros…

Foto: Adam Jaime/Unsplash
















Como sempre uma crônica clara, de fácil leitura e digna de aplausos.
Obrigada, Abílio! É o que posso fazer, escrever e falar. Bjos!