OPINIÃO DA EDITORA
Todos os anos, quando amanhece o dia 2 de janeiro, a faca ja está na reta da jugular. Brasileira que sou, pensava logo: aí vem ele, implacável, tirano e terrível com toda a classe que declara, para o mundo ver, os seus ganhos e bens. Sim, como sou cidadã limpinha, o dia 30 de abril, para quem realmente declara, seus caraminguás, fruto de seu trabalho do ano anterior, é o prazo final do Dia da Degola. E, também, como boa brasileira que sou, tenho o Ritual do Atraso do Último Dia. Sempre amanheço, no dia de hoje, com o telefonema do meu contador favorito, cobrando a papelada. Aí, meu amigo, nessa hora, vem o gostinho amargo na ponta da língua, uma sensação de soco na boca do estômago (sentido figurado, gente, sei que estômago não tem boca) e o pensamento: “caramba, …virá! Impávido, colosso, o Imposto de Renda! Que chamo, carinhosamente, de Famoso IR.”. Mas veja você, em meio a essa tormenta implacável e invisível, quem consegue lembrar disso? Portanto, foi adiado o Dia da Degola Fiscal para 30 de junho. Ainda bem. Caso contrário, a correria virtual seria consideravelmente grande.