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“Fullgás”, de Rafael Caetano no SPFW N60, transforma poesia em alfaiataria

Inspirada em Antonio Cicero e Marina Lima, a nova coleção reafirma a assinatura do estilista que aposta na alfaiataria em movimento


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Foto: Gabriel Cappelletti / @agfotosite

 

Em sua quinta apresentação na São Paulo Fashion Week (SPFW), o estilista Rafael Caetano chega à edição N60 com “Fullgás”, uma coleção que propõe alfaiataria técnica atravessada por referências culturais que, ao mesmo tempo, brinca no jogo de tensões entre estrutura rígida e muita fluidez.

O desfile, que ocorreu na tarde de sábado (18), no Pavilhão das Culturas Brasileiras, como parte da edição comemorativa dos 30 anos da maior semana de moda da América Latina, inspirou-se na obra de Antonio Cicero e na memória sonora de Marina Lima, colocando literatura e música no topo do processo criativo.

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Créditos: Marcelo Soubhia @agfotosite

 

As peças centrais da criação de Rafael Caetano ainda são a manipulação de volumes e a desconstrução da alfaiataria clássica. Lapelas são reposicionadas, ombros são deslocados e cortes mexem com proporções tradicionais sem abrir mão de uma construção cuidadosa e bem alinhada ao corpo.

O uso de plissados, que também funciona como assinatura dessa estação, introduz textura e movimento que suavizam a rigidez dos cortes. Essa aposta rende peças leves e de apelo cenográfico, e cria uma noção de “movimento” que combinou muito bem com a música de Marina Lima no catwalk.

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Créditos: Marcelo Soubhia @agfotosite

 

Tal leveza é o que oferece segurança para marcas parceiras tornarem a coleção ainda mais provocativa. É o caso das gravatas Rechia, os relógios exclusivos da Caule, os macramês de Annuni Artesanato e os crochês da Crocheteira de Garanhuns. Outro ponto de destaque foram as joias criadas pelo estilista em parceria com a Olindo, e marcam o início da casa de joalheria autoral que adota material de reúso e gemas nacionais.

Com esse refinamento técnico do trabalho manual de Rafael Caetano, a alfaiataria encontra a poesia em um fim de tarde agradável no Palácio Tangará, onde, juntas, tomam um bom café e discutem a poesia filosófica de Antonio Cicero. Escritor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cicero faleceu em outubro de 2024 e deixou uma carta de despedida onde dizia: “Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”.

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