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Marcelle Almeida Revitaliza Hino Amazônico ‘Cuia’, de Rui Machado e Lucinha Cabral

Novo projeto audiovisual leva identidade regional às plataformas globais de streaming


A cantora, compositora e instrumentista Marcelle Almeida alcançou destaque ao transformar a emblemática canção “Cuia” em um belo audiovisual”, garantindo que a obra se tornasse uma de suas faixas mais populares. Este projeto não apenas deu nova vida à música, mas também a impulsionou para plataformas de streaming globais, como o Spotify. A produção foi viabilizada por apoio simultâneo de uma equipe majoritariamente nortista, essencial para a inovação e disseminação da identidade cultural amazônica.

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(Foto: reprodução/ Instagram – @marcellealmeidavoz)

Marcelle Almeida é reconhecida como uma das grandes artistas de sua região. Sua carreira é multifacetada, abrangendo os papéis de cantora, compositora, instrumentista e professora de música, atuando também com “canto terapia”. O trabalho da artista é profundamente enraizado na cultura local, com áreas de atuação registradas no Mapa Cultural do Pará que incluem Música, Cultura Negra, Patrimônio Cultural Imaterial, Produção Cultural e Pesquisa.

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(Foto: reprodução/ Instagram – @marcellealmeidavoz)

 

Seus segmentos culturais principais são a Música e o Audiovisual, e ela já desenvolveu projetos com o “Regional Mocorongo”. De acordo com Marcelle Almeida, seu pai é sua maior referência e principal incentivador de sua trajetória.

 

Cuia: Partilha e Ancestralidade

A escolha de Marcelle Almeida pela canção “Cuia” ressalta a importância simbólica da obra. A música emerge como um potente símbolo da “Amazonidade”, atuando como um documento etnográfico preciso. A letra utiliza o objeto cotidiano — a cuia — como fio condutor que articula os pilares da vida amazônica.

A canção inventaria elementos essenciais da subsistência e do ritual regional:

Gastronomia: Cita a cuia como recipiente universal para o “piracuí de bodó”, “açaí”, “tacacá”, “mingau” e “chibé” [15-18].

Ritual: Transiciona para o uso da cuia para se banhar no rio e para o “Banho com água de cheiro”, uma prática de purificação usada para perfumar “o corpo e a alma”.

Continuidade: Conclui ressaltando a função da cuia como vetor da tradição, sendo usada para alimentar a próxima geração (“curumim” e “cunhantã”) com “farinha com tucumã”.

O verdadeiro significado da canção, e que o projeto de Almeida ajuda a reforçar, é o conceito abstrato que a cuia representa. Ela é uma metonímia para a “partilha” e a “ancestralidade”.

 

Compositores originais

 

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(Foto: Reprodução/ Instagram)

 

Embora Marcelle Almeida tenha reinventado a obra para as mídias modernas, a canção original “Cuia” é resultado de uma parceria criativa essencial entre dois expoentes da cultura amazônica: Rui Machado e Lucinha Cabral.

Rui Machado é uma figura poliédrica de Manaus, reconhecido como artista plástico, poeta e compositor. Suas composições, assim como suas pinturas, funcionam como catálogos de rituais, objetos e símbolos amazônicos.

Lucinha Cabral é descrita como uma das vozes mais emblemáticas do Amazonas, com mais de três décadas de carreira. Ela é conhecida por personificar a identidade musical da região, sendo a voz da “‘pátria d’água'”. Sua contribuição na parceria fornece o contexto de identidade e a autoridade etnográfica, utilizando o método de inventariar elementos culturais locais para construir a afirmação regional. Juntos, Machado e Cabral formam uma dupla dedicada a articular a “Amazonidade”.

A versão audiovisual de Marcelle Almeida demonstra que “Cuia” possui uma vitalidade notável, sendo uma obra viva que continua a ser preservada e, simultaneamente, reinventada por novos artistas, levando a mensagem de identidade regional para um público cada vez mais amplo.


 

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