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Cultura

Intervenção urbana utiliza a arte do lambe-lambe como ferramenta jornalística

O projeto é uma intervenção urbana, composta de colagens, que foram aplicadas nesses imóveis em diversos pontos da cidade


Em meio às diversas plataformas de comunicação que conectam o público a informação, a fotógrafa Camila Batista e a jornalista Natália Lucas buscaram no lambe-lambe a ferramenta ideal para criar essa relação com as pessoas e, a partir daí, propor uma reflexão sobre a situação dos prédios abandonados, em Manaus, através do projeto “Vazio Ocupado”.

O projeto é uma intervenção urbana, composta de colagens, que foram aplicadas nesses imóveis em diversos pontos da cidade. A aplicação resulta em uma grande ocupação de arte visual, com a finalidade de refletir sobre a situação desses espaços, que abandonados oferecem risco à saúde, à segurança pública e depreciam a paisagem urbana, destaca a jornalista Natália Lucas.

(Foto: Gil Correia)

Ela lembra que a ideia do projeto surgiu ao observar o crescimento de pessoas em vulnerabilidade, sem moradia e em situação de rua em Manaus e, paralelamente, a quantidade de imóveis desocupados ou abandonados. Com a pandemia esse olhar aguçou. “São muitos condomínios, casas, prédios, em todas as zonas a gente observa esses espaços abandonados. Paralelo a isso também cresce o número de pessoas em situação de rua e sem moradia. A pandemia mostrou essa realidade ainda mais forte”, descreve.

Como profissionais da área de comunicação e também das artes visuais, a jornalista e a fotógrafa buscaram unir os trabalhos buscando dar visibilidade ao tema de uma forma nova. “Pensamos em duas ocupações diferentes. A primeira foi das pessoas sem moradia ocupando cômodos de casas, a segunda ocupação é dos lambes com os personagens ocupando esses espaços vazios, abandonados. Foi a forma que encontramos de comunicar às pessoas do abandono desse ambiente urbano e de pessoas sem moradia”, explica Camila.

Para as profissionais, esses locais poderiam cumprir uma função social, de moradia ou até cultural que seriam importantes para a cidade. Enquanto lugares abandonados, segundo elas, nada contribuem para o espaço urbano. “A ocupação que estamos propondo é artística, mas alerta para a necessidade de dar função social a essas propriedades urbanas”, completa a jornalista.

(Foto: Gil Correia)

Lambe-lambe

Para comunicar tal situação, a dupla escolheu uma forma diferente de abordar o tema: a aplicação de lambe-lambe. Foi então que elas uniram a comunicação e as artes como forma de passar a mensagem do “Vazio Ocupado”, transformando-o em uma grande intervenção pela cidade.

Os lambes começaram a aparecer por volta do século XIX, inicialmente com o formato do cartaz, que criou na época uma nova forma de propaganda. E foi com a divulgação dos circos que ela se popularizou até ganhar força como instrumento de protestos políticos, nos anos 80 e 90 se firmarem ferramenta de artistas de muralismo.

O projeto “Vazio Ocupado” foi contemplado no prêmio Feliciano Lana, com recursos da Lei Aldir Blanc, promovido pelo Governo do Estado, via Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa,  e apoio do Governo Federal – Ministério do Turismo – Secretaria Especial da Cultura.

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