Após um discurso em português em que condenou o racismo, mas não anunciou novas medidas para combatê-lo, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, fez uma analogia envolvendo um macaco ao citar a possibilidade de a Libertadores não ter clubes brasileiros.

Foto: Christian Alvarenga/Getty Images
Depois de Luighi, do Palmeiras, sofrer racismo de torcedores do Cerro Porteño durante jogo da Libertadores Sub-20, a presidente do clube brasileiro, Leila Pereira, sugeriu que as equipes brasileiras deixassem as competições da Conmebol.
Perguntado na segunda-feira à noite se imaginava como seria uma Libertadores sem os clubes brasileiros, Alejandro Domínguez respondeu da seguinte forma ao site BolaVip:
“Seria como o Tarzan sem a Chita”, diz Domínguez.
Os dirigentes de clubes brasileiros, que foram ao Paraguai para o sorteio da Libertadores, demonstraram incredulidade após a divulgação da declaração de Alejandro Dominguez. Em conversas, citaram terem visto o vídeo mais de uma vez para se assegurarem de que não se tratava de uma montagem.
Os clubes filiados à Libra se movimentaram para exigir uma retratação do presidente da Conmebol, que veio pouco depois, com uma nota publicada nas redes sociais. Alejandro Domínguez se manifestou pedindo desculpas.
“Em relação às minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A CONMEBOL Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos 10 países membros.
Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a CONMEBOL. Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de descriminação.”
Chita foi uma personagem icônica da série Tarzan. Macaco do sexo masculino, ela interpretava uma fêmea que era o animal de estimação de Tarzan e Jane, sua companheira.
Chita atuou em filmes nos anos 1930 e morreu em 2011, aos 80 anos. Ela vivia num santuário na Flórida (EUA).
No discurso contra o racismo, Alejandro Domínguez disse que a Conmebol tem dado o máximo para coibir esses atos criminosos. Porém, a declaração deu ainda mais argumentos aos clubes brasileiros, que têm aumentado o tom nas cobranças ao dirigente, levando em conta diversos casos recentes.
Luighi foi alvo de racismo no último dia 6, durante a vitória do Palmeiras por 3 a 0 sobre o Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20. Um criminoso que estava na arquibancada imitou um macaco em direção aos atletas do Palmeiras.