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O Censo em comunidades ribeirinhas do Amazonas

O desafio é percorrer muitos quilômetros rio adentro, e também a pé, lidando com a seca que se acentua cada vez mais neste período do ano


Viver no município do Careiro da Várzea, no Amazonas, é conviver com a cheia e com a seca dos rios todos os anos. Além disso, quase a totalidade dos domicílios de lá estão em zonas rurais, distantes uns dos outros, e parte das casas podem até mudar de lugar ao longo do ano, já que uma peculiaridade da região são as residências flutuantes, casas-barco, sustentadas por troncos e construídas com tábuas de madeira, sobre os rios.

No porto do município do Careiro da Várzea, servidores do IBGE/AM aguardam embarcação para se deslocarem até a comunidade São Sebastião do Paraná-Mirim (Foto: Jéssica Santos/IBGE)

No Censo Demográfico, o desafio é percorrer muitos quilômetros rio adentro, e também a pé, lidando com a seca que se acentua cada vez mais neste período do ano, para contar cada morador e retratar sua realidade de vida por meio das estatísticas.

Para chegar ao Careiro da Várzea, partindo da capital, Manaus, é preciso uma viagem de cerca de 30 minutos, num pequeno barco a motor. No caminho, há o bonito cenário do Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões (nome dado ao trecho superior do Rio Amazonas no Brasil), onde botos aparecem com frequência. Chegando ao porto do município, ainda são necessários mais 30 minutos de barco para chegar à Comunidade São Sebastião do Paraná-Mirim, percorrendo os Rios Solimões e Paraná do Curari Grande, um dos setores de trabalho do Censo no município.

“Conhecer a realidade é fundamental!”

A coordenadora do Censo no Careiro da Várzea, Édina Thomé, explica que o planejamento para o trabalho do IBGE na área foi pensado para iniciar primeiro pelos setores mais próximos ao centro da cidade e, também, começando pelos setores onde a seca dos rios chega mais rápido. “Conhecer a realidade do local é fundamental. Desde o início, já iniciamos com setores rurais, e isso gera uma demanda de trabalho muito maior porque a logística é mais complicada e os supervisores do município acompanharam todos os setores de início de coleta, então eles já tiveram essa logística mais difícil desde o início do Censo”, disse ela.

Auxiliando o trabalho de Édina no Careiro da Várzea, o agente censitário Nailson Fernandes é responsável por acompanhar o trabalho dos recenseadores no município. Ele contou que este é seu segundo Censo Demográfico, pois, em 2010, também foi agente censitário do município. Para ele, as inovações tecnológicas do Censo avançaram muito de lá para cá, e isso “dá garantia sobre a qualidade das informações; garantia da cobertura do território”. Mas algo muito importante não mudou: “a equipe quase toda é moradora do município; só por isso, já se entende que todos estão dando o seu melhor”.

Censo no Amazonas

Para o superintendente do IBGE no Amazonas, Ilcleson Mendes, realizar o Censo é uma atividade “naturalmente complexa e desafiadora”. Ele observa que os desafios dos centros urbanos são comuns, enumerando a resistência dos moradores, a insegurança da população, o desafio do transporte público. Porém, no que se refere à zona rural, há diferenças mais acentuadas. “No Amazonas, a gente precisa navegar horas e horas pelos rios, sem qualquer tipo de comunicação, para chegar até as comunidades, a todas as casas.”

Nesse sentido, o superintendente destaca também a seca que atinge o Estado, nessa época do ano. “Este ano, temos uma seca bastante acentuada em diversos pontos, então recebemos vídeos de recenseadores tendo que arrastar a canoa em locais onde a água está muito baixa; vídeo de recenseadores tendo que transpor cachoeiras, então, tudo isso torna o Censo no Amazonas extremamente desafiador, e exige muito da nossa equipe, dos nossos recenseadores”.

(Foto: Jéssica Santos/IBGE)

Apesar das dificuldades que incluem a logística para percorrer o território e também a resistência da população para responder, o superintendente considera que “o Censo no Amazonas está caminhando num ritmo bom, bem acima da média Brasil”. Segundo ele, a equipe está adotando as mais variadas ações de divulgação e conscientização da população para reverter recusas e concluir o recenseamento.

Por tudo isso, Mendes também fez questão de agradecer aos recenseadores: “importante sempre destacarmos o belíssimo trabalho deles, e reforçarmos a nossa gratidão”.

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