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80 anos de Gil

Gil celebra da Europa seu 80° aniversário, onde inicia a turnê do show “Nós, a gente” com os filhos e os netos


Nascido em 26 de junho de 1942, em Salvador (BA), o baiano Gilberto Passos Gil Moreira, chega hoje aos 80 anos. Gil celebra da Europa seu 80° aniversário, onde inicia a turnê do show “Nós, a gente” com os filhos e os netos. Vindo da Bahia, Gil ganhou a todos com seu som e poesia, o artista brasileiro é reconhecido por sua obra artística, engajamento político, luta ambiental e racial.

(Foto: Reprodução Internet/Divulgação)

O primogênito de José Gil Moreira (1913-1991) e Claudina Passos Gil Moreira (1914-2013), nasceu em Salvador e passou sua infância em Ituaçu, interior do estado da Bahia. Ao longo de seus 80 anos, Gil já esteve no palco da ONU (Organização das Nações Unidas), foi embaixador da agricultura e alimentação da organização e já foi Ministro da Cultura no Brasil (2003-2008). Vencedor de prêmios como Grammy Awards, Grammy Latino e contemplado pelo governo Francês com a Ordem Nacional do Mérito (1997).

Aos dezoito anos de idade Gilberto Gil formou com amigos o conjunto “Os Desafinados”, conjunto instrumental onde ele revezava na sanfona e vibrafone, ficando no grupo até 1961. No final dos anos de 1950, Gil escutou o cantor e violinista João Gilberto, a partir daí, “deixou de lado” a sanfona e fez do violão seu companheiro nos palcos. O jovem Gil, começou a escrever poemas influenciados por grandes nomes como Castro Alves e Gonçalves Dias. Em 1962 compunha e tocava jingles. Gil teve sua primeira canção lançada em um compacto gravado pelo grupo feminino “As três baianas”, a canção “Bem Devagar”.

Amigos e começo da carreira

Seu primeiro EP lançado foi “Gilberto Gil: Sua Música, Sua Interpretação”, que continha quatro faixas composta pelo próprio. Desse, fora extraído o single “Decisão”, samba conhecido e rebatizado depois de “Amor de Carnaval”. No final desse mesmo ano, Gil conheceu Caetano Veloso, um de seus grandes amigos. Em junho de 1964, Gil, Caetano, Maria Betânia, Gal Costa, Tom Zé e outros, realizaram o espetáculo “Nós, Por Exemplo…”, inaugurando o Teatro Vila Velha, de Salvador, sob a direção geral de João Augusto e musical assinada por Gil e Santana, com repertório composto de canções próprias e de bossas de compositores como Dorival Caymmi. A primeira apresentação solo de Gil, “Individual”, ocorreu no ano seguinte, no Vila Velha, sob a direção de Caetano.

(Reprodução Internet)

Gil decidiu viver apenas de música, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro com Belinda e sua filha, Nara. Teve seu primeiro single lançado em 1965, “Procissão”. No ano seguinte, a gravadora dele disponibilizou sua segunda canção “Ensaio Geral”. Gil viajou para Recife, apresentando o espetáculo “Individual”, autodirigido, conheceu tanto a vanguarda local quanto a tradição, como as bandas de pífanos de Caruaru, trazendo consigo, ao voltar ao Rio de Janeiro, essas influências. Em maio de 1967 Gilberto Gil lançou seu primeiro álbum, Louvação. O álbum contém arranjos de Dorival Caymmi Filho (Dori Caymmi), e composições de Caetano Veloso, José Carlos Capinam, Torquato Neto, Geraldo Vandré e João Augusto, com temática regional da Bahia, como “Água de Meninos”.

Tropicália

O início da carreira também passa pelos festivais nacionais nos quais se apresentou e por períodos mais duros. Gil foi um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos de 1960, ao lado de Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, e é autor de músicas consagradas como ProcissãoDomingo no Parque e Aquele Abraço. Com Domingo no Parque, que ele cantou com os Mutantes, no 3º Festival da Música Popular Brasileira, em 1967, obteve o segundo lugar. O festival foi o ponto de partida para o Tropicalismo.

(Foto: Reprodução Internet)

O Movimento Tropicalista, entretanto, foi considerado subversivo pela ditadura militar e Gilberto Gil foi preso, junto com Caetano Veloso. Em 1969, Gil se exilou na Inglaterra. Nesse mesmo ano, lançou o disco Gilberto Gil, com a música Aquele Abraço, última música que gravou no Brasil, um dia antes de partir para a Europa. Aquele Abraço acabou se tornando o maior sucesso do compositor. O exílio em Londres, motivado por sua oposição à ditadura e aos desmandos do regime militar que marcavam aquele momento no Brasil. Foi nesse período que ele realizou o álbum “Abril de 1971”, com a emblemática versão de “Não consigo encontrar meu caminho para casa”. A década de 1970 configura seu retorno ao país e a gravação de obras-primas, como “Expresso 2222” (mesmo nome de seu trio elétrico) e “Refavela”, álbum inspirado nas raízes e realidades africanas.

Mesclas

Gil traz em sua musicalidade vários estilos e grandes nomes da música, seu repertório mescla de Bob Marley, Stevie Wonder, Caetano Veloso, Ivete Sangalo, Jimi Hendrix, Milton Nascimento e Jorge Bem e muitos outros nomes e estilos musicais. Gil já foi vencedor de cinco prêmios Grammy na categoria Melhor Disco de Música Contemporânea: 1999, 2006, 2009, 2016 e 2017.

Imortal

Em abril deste ano, foi empossado como novo ocupante da cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o jornalista e advogado Murilo Melo Filho. Em seu discurso de posse, Gil referiu-se a Machado de Assis e também lembrou que em sua vida, além das grandes alegrias, viveu perdas dolorosas como a de seu filho, Pedro Gil. “Não só porque a ABL é a casa de Machado de Assis, escritor universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL representa a instância maior, que legitima e consagra, de forma perene, a atividade de um escritor ou criador de cultura em nosso país”, cita o cantor e compositor.

“Tive grandes êxitos e alegrias nesta vida, mas também muitas tristezas, a maior e mais dolorosa, a perda do meu filho Pedro Gil. Mas não desanimo e é preciso resistir sempre. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos aposto na esperança contra a treva física e moral. Que haja ao menos a chama de uma vela até chegarmos a toda a luz do luar”, disse Gil.

(Foto: Getty Images/MAURO PIMENTEL)

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