Mazé Mourão acaba de lançar seu oitavo livro ‘Mazé na Ilha’, tudo a ver com o Festival Folclórico da Ilha Tupinambarana, Parintins, que se aproxima. Apesar de as histórias contadas nesse seu novo trabalho terem ocorrido entre os anos de 2001 e 2010, são bem atuais e podem servir de referência para quem deseja ir a Parintins pela primeira vez. Já os velhos frequentadores da Ilha poderão se ver e viajar em cada uma das histórias, muitas delas contadas de forma bem engraçada pela jornalista/escritora.

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Mazé é formada em jornalismo pela Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso), do Rio de Janeiro. Desde 2010 é imortal da Academia Amazonense de Letras. Seus sete livros anteriores são: ‘A lágrima silente’, ‘Crônicas’, ‘Boa mesa por Mazé Mourão’, ‘Poucas&Boas’, ‘Cotidiano pitoresco’, ‘Histórias de vida’, e ‘Testei positivo’. ‘Mazé na Ilha’, são escritos feitos durante dez anos de suas idas a Parintins, cobrindo o Festival Folclórico para o jornal A Crítica. Em 2015 tornou-se colunista na CBN Amazônia no programa Estação CBN e, aos sábados, o Visita na CBN; de 2016 a 2019 fez o programa, ao vivo, Amazônia Mulher, no Amazonsat. Em 2019 estreou o Portal Mazé Mourão, que trata de assuntos culturais, educação, cidade, política, saúde, beleza e entretenimento. Atualmente é apresentadora do programa VumBora, na Rádio Rios FM e, durante a semana, escreve o editorial do Portal Mazé Mourao. Desde 2018 é colunista do Jornal do Commercio.
Jornal do Commercio: Desde quando você vai a Parintins e o que tem a dizer sobre o Festival Folclórico? Evoluiu, involuiu?
Mazé Mourão: Parintins é uma cidade em constante efervescência, berço que todo político gostaria de se embalar, ter a aprovação do povo da Ilha, então diria que ela evoluiu, sim. Porém, o aspecto de cidade interiorana, que eu particularmente gosto, continua a mesma de 25 anos, quando fui pela primeira vez.
JC: Você prefere os festivais de 20, 30 anos atrás, mais naturais; ou os dos últimos anos, mais carnavalizados?
MM: O parintinense sabe onde ‘mete a colher’. O Carnaval que sempre veio beber na ‘nossa’ cultura, na forma e na maneira como fazemos as alegorias, as indumentárias. Não é à toa a quantidade de artistas parintinenses fazendo o Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo. Joaozinho Trinta, Rosa Magalhães, e outros. Essa turma veio residir na Ilha para aprender como se faz. Fizeram a antropofagia da arte parintintin.
JC: As toadas da década de 1990 são cantadas até hoje, enquanto as dos últimos tempos, quase ninguém sabe. O que tem a dizer sobre isso?
MM: São lindas e gosto disso, cantar até hoje, não deixar cair no esquecimento, perfeito. Atualmente existem toadas emblemáticas como Malu Dudu, Treme Terra, que se consolidaram e sempre serão cantadas. São modernas, atualizadas. Os compositores parintinenses não precisam de estranhos infiltrados nas composições para ganhar fama. De forma alguma.
JC: Antes o parintinense te convidava para ficar na casa dele, e até cedia um quarto, de graça; hoje te cobra para ficar na rede, na varanda. Como vê essa mudança de comportamento?
MM: Quando fui pela primeira vez para o Festival. O governo tinha lançado o programa Cama e Café. Uma maravilha. Fiz uso e foi maravilhoso. Mas, o parintinense continua, sim hospitaleiro. Você sai de um almoço para o outro, vem a merenda, o jantar. O parintinense continua hospitaleiro.
JC: O que você diria para alguém que deseja ir ao Festival Folclórico pela primeira vez?
MM: Vá. Não deixe de ir conhecer, entender a Ilha. Tenho pena de quem faz o bate-volta, porque não conhece nada. Parintins não se resume a apenas o Festival.
JC: Seu livro ‘Mazé na Ilha’, tem crônicas de 2001 a 2010, mas você deve ter muito mais material para novos livros.
MM: Sim, tenho muitas histórias, causos. A Ilha é um celeiro de inspiração.
JC: ‘Mazé na Ilha’ é ideal para quem deseja conhecer a Ilha Tupinambarana e o Festival Folclórico?
MM: Um pouquinho. Na verdade, o ‘Mazé na Ilha’ carrega o meu olhar pitoresco sobre o cotidiano parintinense, uma visão de dez anos que deliciosamente frequentei a ilha. Mas, para conhecer, mesmo, só indo. E eu faço isso há 25 anos.
Máquinas de sonhos
1º de julho de 2007
“A primeira noite do Festival Folclórico de Parintins foi do boi Caprichoso. O boi Garantido apanhou de galho de goiabeira, explicitamente, em tudo, do início ao fim do espetáculo. Espancou, espancou! Os rituais de Juarez Lima e de Rossi Amoedo deram a dimensão do que é querer um título.
Rossi, com o ‘Máscara de almas’, foi show de tirar o fôlego, perfeito e a cada momento surpreendia! Quando a galera pensava que tinha acabado, o ritual se renovava com mais e mais surpresas. Uma beleza.
Mas, os bumbás Garantido e Caprichoso são máquinas de fazer sonhos e como tal podem se superar. O cabaré está inflamado”.