Na última noite da Festa da Achiropita, um repórter testemunha a cena: sentado à sombra colorida das bandeirolas, observa alguém saboreando uma fogazza crocante e fumegante uma massa frita recheada, símbolo marcante da celebração enquanto conta com entusiasmo que esta festa já chega à sua 99ª edição em 2025 .

Fotos: Islânia Lima
O evento teve início no início do século XX, mais precisamente, por volta de 1908, quando imigrantes italianos na casa de João Falcone, na Rua Treze de Maio, ergueram um altar improvisado para a imagem de Nossa Senhora Achiropita, com missas celebradas nos dias 13, 14 e 15 de agosto, numa campanha para construir uma capela.
Com o passar das décadas, a festa cresceu, enfrentou interrupções durante a Segunda Guerra, a Revolução de 1932 e o regime de Vargas, e solidificou-se como celebração de rua a partir dos anos 1980, quando sua configuração como quermesse culinária se consolidou destacando-se a fogazza, inicialmente feita com 2 kg de farinha e hoje preparada em larga escala, com voluntárias e voluntários atuando coletivamente.
- Fotos: Islânia Lima
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A festa serve como motor filantrópico de grande relevância. Toda a renda é integralmente revertida para dezenas de projetos sociais mantidos pela paróquia e pela comunidade de Nossa Senhora Achiropita. São programas como creche, centro educacional, atenção a idosos, recuperação a dependentes, alfabetização de adultos, atendimento jurídico e acolhimento a pessoas em situação de rua impactando diariamente cerca de 1.100 pessoas.
No coração dessa devoção está a fé viva e tradição cultural italiana, manifestada nas ruas do Bixiga, na rua 13 de Maio, São Vicente e Doutor Luís Barreto, tomadas por barracas de comidas típicas como fogazza, fricazza, polenta, antepastos e doces, além de ambientação festiva, brincadeiras para crianças, bênçãos e procissões.
- Fotos: Islânia Lima
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A procissão em louvor à padroeira, realizada em 17 ou 18 de agosto, soma-se às novenas e missas celebradas religiosamente muitas vezes de hora em hora, num envolvimento espiritual que reforça a fé comunitária.
Voltando ao repórter: ao lado da fogazza, ele observa como a celebração aquece não só estômagos, mas corações em uma coreografia de generosidade, fé e cultura que reafirma o papel transformador da festa no Bixiga e na cidade de São Paulo.
- Fotos: Islânia Lima
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