O Boi-Bumbá Caprichoso é uma construção coletiva, sonho, promessa e anseio de uma gente que teceu desde sua fundação uma nova forma de revolução, forjada na simplicidade de ser e na garra de seguir vivendo em meio a tantas adversidades.
Surgido das mãos dos irmãos Cid, passou por muitos donos e donas – Emídio Vieira, Luiz Gonzaga, Luiz Pereira – e brincou nas ruas, terreiros e quintais, arrastando homens e mulheres, apaixonando multidões e conquistando todo o Norte do país.
Propriedade do povo, da gente simples – costureiras, artesãos, estivadores do porto, cantadores, pedreiros, tricicleiros, estudantes e professores – plantou em cada pessoa dessas coletividades o gênio do artista, a construir na poética da floresta a coragem e a ousadia, marcas de vanguarda que só o Caprichoso tem.
Nosso Boi é arquétipo e realidade, feito de pano e espuma na artesania popular, tecido entre sentimentos e sapiências das comunidades amazônicas. “Também é feito de lembranças e lutas, de um espírito que reúne sorrisos e abraços”. Como diz o poeta: “É mais que um ser do folclore, é o espirito livre da chama eterna de brincar de Boi”.
Foi assim que aquele brinquedo, que refletia sonhos ao redor das fogueiras de Parintins, transformou-se em ícone maior da cultura popular brasileira para hoje reluzir, na ribalta da floresta, em cada movimento, os anseios e as lutas de suas gentes pela preservação de seus territórios.
É a força de uma comunidade que brada por seus ideais, afirma sua existência e constrói sua resistência! É a dança dos povos originários, que pulsa o chão do curral e da arena! É o nome Caprichoso, que ecoa do quilombo manauara para todo o mundo! São as cores azul e branco da encantaria cabocla dos marujos das águas! É a estrela da juventude, das mulheres e dos trabalhadores que ilumina novos caminhos de esperança, trazendo luz para onde houver escuridão e obscurantismo…
É a força de todas essas gentes juntas que constituem nosso Boi Caprichoso, feito de alegria, fé, trabalho, arte, tradição, diversidade e muita esperança. Feito das vozes e do suor do povo de Parintins e da grande Amazônia. Indígenas, negros, caboclos que empunham o sonho altaneiro dos gente-floresta, um povo que fez do seu Boi-Bumbá um canto de luta.
O BRADO DO POVO GUERREIRO!