O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, proporcionou uma manhã educativa na abertura da inédita oficina “Arte com Toque – Pintura para pessoas com deficiência e baixa visão” nesta quarta-feira (29), na Biblioteca Braille do Amazonas. A oficina tem o objetivo de integrar e promover a autonomia e inclusão social de pessoas com deficiência visual ao meio social, cultural, educacional e profissional.
De acordo com o Gerente da Biblioteca Braille, Gilson Mauro, a iniciativa da oficina surge em conjunto com a celebração dos 15 anos de audiodescrição no Teatro Amazonas, comemorado na última quarta-feira (28/05), oferecendo um curso que permite às pessoas com deficiência visual e baixa visão expressar emoções por meio de pinturas, cores e figuras.
“A importância é de uma política da Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa de inclusão social que visa integrar pessoas com deficiência e baixa visão à sociedade, permitindo que sejam vistas como pessoas com as mesmas condições que aqueles com visão.
Gilson revela que a ideia da realização do curso “Arte com Toque” partiu da professora Seanny Oliveira. Segundo eles, a oficina permite que as pessoas expressem suas emoções e coloquem no papel aquilo que veem por meio dos dedos.
“O curso busca mostrar para todas as pessoas com deficiência visual e baixa visão, que a verdadeira imagem está no coração, está naquilo que você pensa e divide com as pessoas, e é essa a importância da oficina, para que as pessoas possam sentir a emoção e colocar no papel tudo aquilo que vê por meio dos dedos”, destaca Gilson.
Durante a oficina ministrada pela professora e artista visual indígena Seanny Oliveira e pela auxiliar Rebeca Ferreira, cada participante compartilhou sua jornada de vida e também sobre a descoberta do curso.
A professora, que atua como artista visual há mais de 30 anos, fala sobre a proposta de ensino durante as aulas na biblioteca: “Meu primeiro contato com eles é mostrar qual é a linha que nós vamos trabalhar, que é a forma abstrata. O processo começa com a exploração de texturas em cartões, avança para a produção de quadros e, por fim, resulta em telas expostas em cavaletes”, explicou.
Seanny destaca que o objetivo é entregar ao público, muito em breve, uma exposição completamente feita pelos participantes, promovendo inclusão e autonomia.
A participante da oficina Marselha Cauper, 46 anos, recebeu o convite para participar do curso por meio do gerente da biblioteca. Ela compartilha sua jornada de redescoberta através da arte, após perder a visão há 9 meses.
“Estou com muita expectativa e vontade de pintar, de perceber as cores, porque eu não sei qual vai ser a sensação. Sei que não vou poder visualizar, mas as pessoas quando olharem vão poder dizer para mim o que está acontecendo”. Expressa.
Marselha recorda seu passado artístico, quando sua paixão por desenho floresceu ao usar nanquim pela primeira vez em suas obras. Em um concurso, desenhou uma arara colorida com nanquim, vencendo em primeiro lugar. “Na hora todos os jurados ficaram surpresos porque o nanquim é utilizado para acabamento e eu utilizei para pintar, desde então me apaixonei por desenho”, conta.
Segundo ela, a biblioteca é um lugar onde todos podem compartilhar seus conhecimentos uns com os outros, tornando o ambiente um novo lar.
A estudante de 17 anos Julia Lima ficou sabendo do curso através de sua mãe. Ela fala sobre a importância de aproveitar as oportunidades, principalmente para pessoas com deficiência visual e baixa visão que desejam aprender e participar da oficina.
“Me sinto feliz, porque é raro a gente encontrar uma pessoa com baixa visão que está ali querendo aprender a fazer as coisas”, disse.
Segundo o gerente da biblioteca, o curso será dividido em duas fases: A primeira e segunda fase durarão um mês cada. A oficina acontece às quartas e sextas-feiras, de 9h às 11h na Biblioteca Braille do Amazonas, Bloco C, Sambódromo de Manaus.
Gilson enfatiza que no mês de setembro, em comemoração ao Dia Nacional das Pessoas com Deficiência, oficializado pela Lei n° 11.133/2005, haverá o primeiro desfile de participantes mulheres com deficiência visual utilizando as obras que criaram durante a oficina.
Ao encerrar o primeiro dia de curso, em que proporcionou muita troca e aprendizado entre os participantes, todos presentes recitaram a canção “O Jardim da Minha Mente é Lindo”, de Nando Cordel.