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Quem é ‘Felca’, que sacudiu as redes e mobilizou o Brasil

Felipe Pereira viralizou em todo o país após denunciar a exposição de crianças e adolescentes on-line


Brasil – Em 6 de agosto de 2025, o influenciador e humorista Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicou um vídeo de quase 50 minutos intitulado “Adultização”, em que denuncia a sexualização e exploração de menores nas redes sociais. O conteúdo viralizou rapidamente e teve consequências significativas na política, na sociedade e até na segurança do próprio criador.

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Foto: reprodução/ Instagram – Felca @felca0

Quem é Felca?

Felca, de 27 anos, natural de Londrina (PR), iniciou sua carreira online como streamer de jogos em 2019, antes de migrar para conteúdo humorístico e reativo, ganhando destaque com sátiras de tendências da internet. Em 2025, marcou presença nacional ao denunciar uma rede de exploração infantil digital, tornando-se protagonista de um movimento de conscientização online.

O vídeo e as denúncias feitas

No vídeo, Felca denuncia uma prática recorrente nas redes: a exposição sexualizada e precoce de crianças e adolescentes para gerar engajamento e lucro, denunciando falhas graves nos algoritmos das plataformas que acabam por amplificar esse tipo de conteúdo.

Ele identifica criadores específicos como Hytalo Santos, investigado pelo Ministério Público da Paraíba desde 2024 por exposição inadequada de menores. Após a repercussão do vídeo, Hytalo foi preso em 15 de agosto de 2025, sob acusação de exploração sexual infantil e tráfico de pessoas. As contas no Instagram dele e de uma influenciadora associada, Kamyla (Kamylinha) Santos, foram desativadas, e houve determinação judicial para desmonetização dos conteúdos que envolviam menores e proibição de contato com eles.

Outros nomes citados incluem Bel Peres e sua mãe Francinete, do canal “Bel Para Meninas”, alvo de críticas em 2020 após um desafio envolvendo desconforto e risco para a criança. Bel alegou posteriormente que sua participação foi tirada de contexto.

Repercussão política e legislativa

A denúncia provocou uma reação imediata no Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou o tema como “urgente” e garantiu que pautaria projetos sobre a proteção de crianças e adolescentes nas redes sociais ainda naquela semana.

Foram apresentados ao menos 32 projetos de lei na Câmara voltados à criminalização da exploração digital de menores, modificação do ECA, e maior responsabilização das plataformas.

No Senado, senadores como Damares Alves (Republicanos-DF) e Jaime Bagatolli (PL-RO) propuseram a criação de uma CPI para investigar influenciadores e plataformas digitais neste contexto — o requerimento já contava com mais de 60 assinaturas.

Outros parlamentares, como Cristiane Britto, anunciaram o projeto apelidado de “Lei Felca”, que busca endurecer penas contra a erotização infantil nas redes.

Impacto social e institucional

A resposta da sociedade também foi expressiva. A ONG SaferNet registrou um aumento de 114% em denúncias de pornografia infantil após o vídeo, enquanto o Disque 100 somou mais de mil registros de exploração infantil desde 6 de agosto.

Entre influenciadores, Rafa Brites e Mônica Benini se manifestaram publicamente contrárias à exposição infantil, revelando ter diminuído ou alterado formas de expor os próprios filhos nas redes. Especialistas como o psicólogo Rodrigo Nejm (Instituto Alana) e a diretora da SaferNet, Juliana Cunha, alertaram para os riscos de algoritmos capturarem e exporem crianças vulneráveis, recomendando cautela na divulgação de imagens, inclusive com proteção digital.

E Felca? Ameaças, reconhecimento e impacto pessoal

Felca contou que passou por ameaças — inclusive de pedófilos que se sentiram atacados — e precisou adotar segurança reforçada, como carro blindado e seguranças. Ele também processou 233 perfis no X (ex-Twitter) por difamação envolvendo pedofilia.

O vídeo impactou tão profundamente que influenciou até celebridades: Juliette o parabenizou pela coragem e investigação detalhada. Autoridades do combate à exploração infantil também destacaram que apenas o vídeo de Felca conseguiu levar o tema ao grande público e gerar consequências reais.

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