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Cultura

Tradição, Cores e Resistência Cultural: Conheça os Bois-Bumbás de Manaus

Um deles já saiu vitorioso no Festival Folclórico do Amazonas


Manaus pulsa folclore. Muito além de Parintins, a capital do Amazonas tem suas próprias agremiações de boi-bumbá — seis no total — que disputam não apenas troféus no Festival Folclórico do Amazonas, mas também a memória e o coração do povo. Cada um com suas cores, enredos, sotaques e histórias. Neste especial, apresentamos os bois de Manaus, suas raízes e o que os torna únicos no cenário cultural do estado.

Boi Brilhante

Fundado: 1985, tendo como cores o vermelho e o branco, também traz como símbolos a estrela, o coração e o brilho. Sua sede fica na zona Oeste.

O Brilhante é conhecido por seu estilo alegre, envolvente e por valorizar temas ligados à brasilidade, espiritualidade e cultura popular. Após 11 anos sem vencer, brilhou mais forte em 2025 com o tema “Terra-Folclore”, conquistando o título do 67º Festival Folclórico com 339,3 pontos — sua consagração na Série Master A.

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Boi Brilhante (Foto: Aguilar Abecassis)

 

Boi Corre Campo

Fundado em 1926 (o mais antigo do estado), o Corre Campo traz como cores o azul e o branco, e como símbolos

a estrela de cinco pontas e o touro azul. Sua sede fica na compensa, também na zona Oeste da cidade.

O tradicional Corre Campo é o boi mais longevo em atividade no Amazonas. Sua história mistura-se com a do próprio folclore da região. Em 2024, sagrou-se campeão com o tema “Amazonidade”. Conhecido por uma linha mais clássica e cheia de raízes, é respeitado por sua coerência estética e força na arena. A agremiação tem grande inserção comunitária e é considerada patrimônio afetivo da zona oeste.

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Boi Corre Campo (Foto: Rarison Alves)

 

Boi Tira Prosa

O Tira Prosa surgiu na Década de 1980, e suas cores são o laranja e o branco. A estrela de oito pontas e o sol estilizado são seus símbolos. Sua sede fica localizada no bairro Cidade Nova, na zona Norte.

É o boi que carrega a bandeira da irreverência com seriedade. Seus enredos geralmente flertam com críticas sociais e temas ecológicos. Em 2025, o tema foi “Amazônia Livre”, destacando a liberdade dos povos da floresta. Criativo e provocativo, o Tira Prosa ficou em 2º lugar no festival, com apenas 1,2 ponto atrás do campeão.

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Boi tira prosa (Foto: Divulgação/ Asscom – SEC)

 

Boi Garanhão

O garanhão, com as cores amarelo e preto, foi fundado em 1991. Representado pelo cavalo estilizado, sol e lua, sua sede fica na zona Leste da capital.

Com identidade visual vibrante, o Garanhão aposta em espetáculos sensoriais e enredos que misturam ancestralidade e futuro. O tema de 2025, “O Futuro é Ancestral”, é prova dessa abordagem ousada. O boi se destaca por sua juventude, estética afro-indígena e um corpo coreográfico que sempre impressiona.

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Boi Garanhão (Foto: Lucas Silva/ Secom)

 

Boi Galante

O Galante foi fundado em 1979, tem como símbolos o arco e flecha, a flor e a estrela. Suas cores são o roxo e o branco, e sua sede fica na zona Centro-Oeste de Manaus, no bairro Redenção.

O Galante é pura poesia visual. Seu estilo combina delicadeza com imponência, com forte presença de alegorias e narrativas sobre os povos originários. Em 2025, apresentou “Amazônia – Terra de Ajurí, Flautas e Maracás”, com uma apresentação sensível e rica em elementos da cultura indígena. É muito querido entre os artistas da dança e do figurino.

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Boi Galante (Foto: Layanna Coelho)

 

Boi Clamor de Um Povo

Fundado em 2008 e tendo o verde e o branco como cores, o Clamor de Um Povo traz a chama, o tambor e as mãos erguidas como símbolos. Ele fica sediado no Colônia Oliveira Machado, na zona Sul.

Ele é o caçula entre os bois-bumbás da capital. O Clamor de Um Povo surgiu de uma inquietação: dar voz a comunidades periféricas através da arte popular. Com enredos místicos e conectados à espiritualidade amazônica, sua apresentação em 2025 trouxe “O Misticismo dos Pássaros”, um mergulho na mitologia regional.

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Foto: Clamor de um Povo/Reprodução

Visibilidade

Mesmo com toda a potência dos bois de Parintins, os bois-bumbás da capital têm identidade própria e vivem uma batalha diária por valorização. Eles representam não só bairros, mas sonhos coletivos. São fruto de mutirões, ensaios em praças e costureiras que viram artistas plásticas.

A vitória do Brilhante em 2025 reacendeu a esperança. Mostrou que, com trabalho sério e enredo bem construído, qualquer um pode emocionar o público e vencer.

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