Manaus,
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Peixe filha…


Mana, já nem sei mais se estamos na enchente ou na vazante dos rios amazônicos, com esse tal de coronavírus. Cadê o senhor que fazia a medição do nível da água, com uma régua? Era tradicional. O amazonense esperava o veredicto dele, se ia subir ou se ia descer. Lembro da primeira grande cheia no Amazonas. No ano que eu nasci: 1953. Cresci com esse ‘reclame’ que meus pais amavam contar. Aquela que já nasce causando! Mas, para dar sentido ao título, foi em uma seca que aconteceu, anos 2000. Acompanhada do excelente fotógrafo Antônio Lima, fui fazer uma matéria especial lá no leito seco do rio, onde estavam os pes- cadores. Encontrei um pescador tecendo, com a calma cabocleana, uma rede de pescar. Cheguei junto, fiz uma pergunta, achando que era a melhor do mundo: “Tecendo a rede na maior estiagem, não está preocupado com essa situação?”. Ele me olhou de lado, tirou o fio da boca, respondeu: “Vixe, peixe filha…” Lima me olhou, eu senti uma certa ironia naquele olhar e um ‘pega-te!’, mentalmente. Mas, estamos na seca ou na cheia, meu leitor de domingo?

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